OS FAVORITOS DO SENHOR DEUS - JAVÉ

 


Com certeza Deus não faz acepção de pessoas. Deus ama a todos iguais. Essas são verdades inalteráveis. Por outro lado diante das circunstâncias, Deus trata as pessoas de formas diferenciadas. Ele não criou robôs, nem o ser humano é autômato. Eles receberam habilidades diferenciadas. O próprio Deus, quando fez o tabernáculo escolheu homens hábeis e sábios. Eles tinha habilidades na arte de construir os elementos do tabernáculo. Da mesma forma, Ele escolheu classes sociais de forma especial e desenvolveu leis para que estes pudessem desfrutar da vida e sobreviver diante da adversidade. O textos bíblico mostram claramente o que na teologia bíblica pode ser chamado o "quadrilátero de Javé":
"E não oprimais a viúva, nem o órfão, nem o estrangeiro, nem o pobre, nem intente cada um, em seu coração, o mal contra o seu irmão. (Zacarias,7:10)


A vida nem sempre foi boa para esses grupos sociais, Eles formavam as minorias perseguidas dos tempos bíblicos. Deus tinha um interesse especial . Em toda parte, há testemunhos da atenção de Deus a estes grupos, como aparece na Torah ou nos cinco primeiros livros da Bíblia. Principalmente nas leis dadas por Deus, Ele orienta como as autoridades governamentais devem ter uma preocupação especial por estas classes sociais. Ele ordena claramente como deve ser o cuidado e quais estratégias devem ser usadas para que estes grupos sociais sobrevivessem e não fossem oprimidos. Os profetas denunciam a falta de cuidado por parte das autoridades governamentais.

Se for um pobre, porém, não irás dormir conservando o seu penhor; ao pôr-do-sol, deverás devolver sem falta o penhor, para que ele durma com o seu manto e te abençoe. E, quanto a ti, isso será um ato de justiça diante de Iahweh teu Deus.” (Dt 24, 10-13).


VIÚVAS: Na sociedade patriarcal, a elas somente era permitido sobreviver com amparo do esposo, do filho ou do pai. Por isso, tanto na Bíblia Hebraica como no Novo Testamento, elas, ao lado dos órfãos, compõem os representantes, por excelência, dos mais pobres e oprimidos. A necessidade básica é o sustento diário. No judaísmo da época de Jesus, o auxílio às viúvas era considerado demonstração obrigatória de misericórdia, pois a situação delas costumava ser de extrema necessidade (Mc 12,41ss.). Isso explica a severa condenação de Jesus àqueles que se aproveitavam de desculpas religiosas para espoliá-las (Mc 12,40; Lc 20,47). Jesus realizou o milagre da ressurreição do filho da viúva de Naim (Lc 7,11-17). Legalmente ela era proibida de tudo e estava constantemente submetida a todas as punições civis e penais imagináveis, sujeita até mesmo à pena capital. Também nos momentos das refeições a mulher era isolada, pois ela não podia se alimentar ao lado dos homens.


ORFÃOS: A Bíblia ensina claramente aos órfãos que eles não têm pai terreno para suprir suas necessidades materiais, incluindo a necessidade de amor paterno. Portanto, Deus cumpriu essas necessidades físicas e emocionais. O Antigo Testamento considerava os órfãos os mais dependentes. A Lei mosaica previa certas proteções e privilégios para os órfãos. veja Dt. 14:29; 24:19-21; 26:12; 27:19. Deus é o pai dos órfãos em um sentido muito especial (Salmo 68:5). Deus é o protetor das viúvas e órfãos; seus opressores são ameaçados com o julgamento de Deus (Deuteronômio 16:14, 24:17,19,21; 26:12,13).


Então virá o levita (pois nem parte nem herança tem contigo), e o estrangeiro, e o órfão, e a viúva, que estão dentro das tuas portas, e comerão, e fartar-se-ão; para que o Senhor teu Deus te abençoe em toda a obra que as tuas mãos fizerem. Deuteronômio:14:29


ESTRANGEIROS: Na sociedade patriarcal primitiva de Israel, os estrangeiros eram pessoas que não eram membros de uma tribo. Com a ascensão da monarquia, estrangeiros passaram a significar não-israelenses. Ao entrar na comunidade como convidado, ele tem o direito de ser entretido. O Antigo Testamento apresenta uma paradoxal reconciliação entre a hospitalidade teórica ao estrangeiro, a hospitalidade prática e a disposição de recebê-lo. A inimizade teórica aparece em passagens como Deuteronômio 7:1-7; 9,1-5; 12, 1-3, Israel foi ordenado a destruir os cananeus.
No judaísmo, o termo estrangeiro é equiparado a pagãos, adoradores de falsos deuses (2Mc 10, 2.5). Alguns livros proféticos contêm oráculos contra nações estrangeiras, “maldições” (Isaías 13-23; Jer 46-51; Ezequiel 29:32; Na). Essas passagens são absurdas para os leitores modernos, mas têm a base das crenças dos israelitas castigadas por sua recusa em aceitar uma moralidade ainda que seja elementar.


O estrangeiro podia morar em Israel, seja como hóspede temporário ou como residente permanente (ger ou toshab). Alguns críticos opinam que toshab, “habitante”, é um termo mais tardio. Ger é freqüentemente traduzido em versões mais antigas por “imigrante”.A posição do ger (imigrante) pode observar-se nas seguintes narrativas: Abraão era ger no Egito e em Canaã (Gn 2,10; 17,8; 20,1; 21,34; 23,4). Ló era ger em Sodoma (Gn 19,9) e Isaac era ger em Canaã (Gn 26,3). Jacó e seu clã eram gerîm no Egito (Gn 47,4), e a tradição israelita recorda que os pais eram gerîm no Egito (Ex 22,20; 23,9; Dt 23,8). Um levita era um ger em Belém, de onde se mudou para Efraim (Jz 17,7s), e outro levita aparece como ger em Efraim (Jz 19, 1). Os levitas, como uma tribo sem terra, tinham sem dúvida a posição de gerîm. Moisés era ger em Madiã (Ex 2, 22), e Elimelec tornou-se ger em Moab por causa da falta extrema de víveres (Rt 1,1). Os hebreus de Berot eram gerîm em Israel (2Sm 4,3), e os fugitivos de Moab foram acolhidos em Israel como gerîm (Is 16,4).
A posição de ger era geralmente incerta, sem garantia explícita dos seus direitos e segurança de proteção. Assim, em Gn 12, 12ss; 20, 2ss; 26, 6ss Abraão e Isaac temem que suas mulheres sejam levadas ao harém do chefe do país e aí se narra que isso aconteceu.
Os códigos da lei israelita não dão um catálogo claro dos direitos e deveres do ger. Recomendam-no como objeto de amor ao próximo(Dt 10, 18; 14, 29) e proíbem a opressão do ger (Ex 22, 20; 23, 9). Ao ger eram concedidos os mesmos direitos que aos israelitas diante da lei (Dt 1, 16) e ele tinha direito de asilo em caso de homicídio (Nm 35, 15; Js 20, 9). Da família de Davi diz-se expressamente que estava sob a proteção do rei de Moab, quando Davi a mandou para lá, a fim de fugir da cólera de Saul (1Sm 22, 3). Mais tarde, Davi tornou-se um ger no serviço militar de Aquis de Gat (1Sm 27, 1ss; 29, 1ss). Visto que ele era um ger, os chefes filisteus não confiavam nele para tomar parte na guerra contra Israel (1Sm 29). Etai de Gat, um ger, aparece no serviço militar pessoal de Davi (2Sm 15,19). Fora dessas passagens não há indicação de que o ger fosse amigo de uma pessoa, de um clã ou de uma tribo, embora seja extremamente provável que ele devesse apoiar-se em algum desses protetores. Parece que o ger não era obrigado ao serviço militar, embora pudesse ser contratado como mercenário, como Davi e Etai.
Algumas passagens sugerem que, nos primeiros tempos de Israel e da monarquia, o ger podia ser proprietário de terras. Quando Abraão, um ger em Hebron, quis comprar um pedaço de terra para o túmulo de sua família, o direito de compra não foi concedido antes de ser submetido ao conselho da cidade (Gn 23, 4ss). Outras passagens consideram o ger como “habitante”, de modo a fazer pensar que é a mesma coisa (Lv 25,35; Sl 78,55; 105, 11ss).


Algumas passagens sugerem que, nos primeiros tempos de Israel e da monarquia, o ger podia ser proprietário de terras. Quando Abraão, um ger em Hebron, quis comprar um pedaço de terra para o túmulo de sua família, o direito de compra não foi concedido antes de ser submetido ao conselho da cidade (Gn 23, 4ss). Outras passagens consideram o ger como “habitante”, de modo a fazer pensar que é a mesma coisa (Lv 25,35; Sl 78,55; 105, 11ss).
Teologicamente, Israel era um ger que habitava na terra de Yahweh, não na sua própria terra (1Cor 29, 15; Lv 25, 23). O israelita individual também considerava a si próprio como ger de Yahweh (Sl 38, 13; 118, 19).
A atitude da Igreja primitiva a respeito do estrangeiro foi revolucionária, e o grande número de estrangeiros que aderiram à comunidade superou depressa o número dos membros judeus. A concepção do ger do Velho Testamento aparece também no Novo Testamento. O cristão não é um ger, mas cidadão do reino de Deus (Ef 2, 19). Em relação ao mundo presente, todavia, o cristão, que é cidadão do reino do céu, é um ger (1Pd 1,1.17; 2, 11).


Concluindo, cabe questionar a religião cristã, especificamente a evangélica brasileira, que pela sua hermenêutica se ocupa muito mais com as questões da sexualidade, especificamente, com a homoafetividade. na aplicação literal dos textos mosaicos, não faz o mesmo com os textos ligados com estas classes "protegidas" pelas leis divinas.
Muitos cristãos e líderes se tornam intolerantes, xenófobos e inimigos dos vulneráveis. Muitos nem sequer pensam nos problemas sociais estruturais que se acarretam por muitos anos e se limitam a um individualismo. Estes atacam os mais vulneráveis como sendo preguiçosos, viciados ou outros termos sinônimos. É a doença da aporofobia. Não se pode esquecer que o evangelho do Reino de Deus é partilhar, solidariedade, estender a mão e lavar os pés.


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