O DISCIPULADO NO JUDAÍSMO E NO MUNDO GREGO
Desde 1994, encontrei interessante a estratégia do pequenos grupos e até hoje vejo que é uma boa ferramenta para ensinar o evangelho de Jesus. Mas isso vai depender muito do objetivo destes pequenos grupos. Neles encontrei uma maneira de discipular e multiplicar liderança. Atualmente se fala muito sobre o tema de pequenos grupos, células, discipulado. Mas como era nos tempos antigos esses grupos de discipulado. Quais eram os seus objetivos? Na atualidade, qual modelo bíblico (AT
ou NT) seguimos ou é um sistema híbrido. Usamos o Novo Testamento como livro orientador ou simplesmente pensamos em montar pequenos grupos para o discipulado, sem imaginar o que o NT ensina. Espero que este artigo ajude a pensar
No mundo antigo, tanto no contexto grego quanto no judaico, a figura do discípulo ocupava um papel central na transmissão de conhecimento, valores culturais, religiosos e filosóficos. Embora existam semelhanças, cada tradição possuía características distintas que definiam o que significava ser um discípulo. Vamos explorar as marcas de um discípulo em cada um desses contextos:
Mundo Grego
No mundo grego, o discipulado estava fortemente vinculado às escolas de filosofia e ao aprendizado de uma variedade de artes e ciências. As características de um discípulo incluíam:
Adesão a um mestre ou escola filosófica específica: O discípulo escolhia seguir um mestre (como Sócrates, Platão, Aristóteles) ou uma escola filosófica (como os estóicos, epicuristas, ou cínicos), dedicando-se a aprender e viver de acordo com seus ensinamentos.Compromisso com a prática e a reflexão: Não bastava apenas aprender teoricamente; era essencial praticar os ensinamentos no cotidiano. A virtude, entendida como a excelência de caráter, era um objetivo central.Método dialético: O diálogo e a argumentação eram métodos fundamentais para o aprendizado e a descoberta da verdade.Transmissão de conhecimento: Com o tempo, o discípulo poderia tornar-se mestre, responsável por transmitir o conhecimento adquirido a novas gerações de discípulos.
Judaísmo
No judaísmo, o discipulado era centrado no estudo das Escrituras Sagradas (Torá), na prática religiosa e na vida em comunidade. As marcas distintas de um discípulo incluíam:
Relação com um rabino: O discípulo seguia um rabino, aprendendo diretamente com ele a interpretação da Torá e a aplicação da Lei (Halachá) na vida diária.Estudo e memorização da Torá: O aprendizado das Escrituras e de comentários sobre elas era fundamental. O discípulo dedicava-se ao estudo contínuo e à memorização dos textos sagrados.Prática religiosa: O cumprimento dos mandamentos (mitzvot), as práticas de oração e os rituais de purificação eram aspectos essenciais da vida do discípulo.Vivência comunitária: A vida em comunidade era importante, com o discípulo participando ativamente da sinagoga e dos eventos comunitários.Transmissão do conhecimento: Assim como no mundo grego, esperava-se que o discípulo, após anos de estudo e prática, ensinasse os outros, perpetuando o conhecimento e as tradições.
Em ambos os contextos, ser discípulo significava muito mais do que simplesmente aprender; tratava-se de uma transformação pessoal profunda, guiada pelos princípios e práticas ensinadas pelo mestre ou pela tradição seguida. Era um longo tempo que se aprendia a teoria mas se caminhava na prática o que era ensinado e praticado pelo mestre. Em ambos contextos a teoria ensinada pelo mestre ao aluno era vista, pelo aluno, na prática, pois eles conviviam por longo tempo.
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